12/02/2007

Natal diferente

Minha árvore de Natal este ano será essa: lista telefônica de 2001 (início dos tempos difíceis - espero que a transformação nela em algo bonito também transforme a minha vida daqui para a frente em algo melhor. A árvore tradicional, que nos acompanha há vários anos, este 2007 não vai sair da caixa onde está guardada. O Zulou, com sua sapequice e seu talento inato para pular e brincar com tudo que encontra iria derrubá-la várias vezes ao dia. Pensando bem, é melhor assim... a outra também me trás lembranças de natais tristes. Aliás, sempre fico deprimida no Natal. Antes pensava que era estresse. Hoje sei que é saudade daqueles natais gelados em Lisboa, das montras cheias de bonecos e de gulodices, das muitas luzes, da felicidade. Tenho que lá ir breve, resgatar esses bons momentos.

Detalhe do anjinho de papel artesanal e machê

Móbile de cds

Criei este móbile muito antes da partida do Astérix. Ia colocá-lo na entrada, do lado
de fora. Prendi um monte de sininhos embaixo para que tilintassem com o vento.
Mudei de idéia. Agora ele está onde deve ficar, pelo menos este ano: no corredor
próximo à cozinha. E já se tornou um dos brinquedos preferidos do Zulou.

Meu amado companheiro Astérix

Esta é a última foto que tenho dele: com a patinha escondendo os olhos por causa da luz acesa enquanto eu, ao lado, navegava nas madrugadas. Foi aí nessa caminha que o vi partir. Ainda dói, muito. A presença alegre e brincalhona do bebê Zulou ameniza a dor, mas ela vai durar por muito tempo ainda... Meu querido amigo de todos os bons e maus momentos, onde quer que estejas continuas meu. Não quero os dois pequenos arranhões que fizeste sem querer no meu pulso direito, por culpa minha, desapareçam. Assim fica para sempre selado nosso pacto de amor incondicional.

Árvore de natal de caixinhas (de meus tarja-preta, hehehe)

Aí está a árvore de caixinhas desmontada. Não trabalho com crianças (nem pretendo, a mesmos que sejam meus netos e, pelo jeito, demoram). mas deve ser uma proposta interessante a fazer. É necessário "dar uma" de arquiteto. Trabalhar com números, metades, meias metades, para que a estrutura fique em pé depois de montada. Bem mais simples que montar um kusudamá, bem sei, mas dá para tentar. Meninas que trabalham com menininhos, quem se habilita?
A foto não ficou lá essas coisas, eu sei. É um protótipo apenas, com
caixinhas. Pode ser feito com caixas de qualquer tamanho, de leite, de sucos,
de sapatos ou outras. O tamanho, é à escolha do freguês. Há anos atrás
comecei a colecionar caixinhas de cliquete (Adams) para com elas arquitetar
uma casa de bonecas para a minha filha. Ela cresceu, não brinca mais de
bonecas (só de boneco!) e a Adams não sei que fim levou. Ainda tenho duas
caixas de sapatos cheias delas. Um dia destes arquetetarei algo com elas...

O vermelho e o verde, a luz brincando de "esconde-esconde" no corpo da garrafa pet

verde. Ainda não tinha pintado a tampinha quando a fotografei. Agora está completa.

Vou fazer outra de mesa, com a mesma estrutura. Mas só depois das festas.

Uma garrafa sem graça, lisa, branca, de pet. Mais um "toco" de árvore, um suporte, uns
toques de vermelho e verde (as cores da minha bandeira original sempre vêm à tona, é
impossível segurar!). Mosaico fingido - um pouco de fingimento (até mesmo o Poeta se
confessa um fingidor, que direi eu!) sempre é necessário e perfeitamente desculpável nesse
caso. Está pronta a luminária!
Tenho sede de liberdade e de luz. Sempre tive. Signo do fogo. Cor de sangue e de calor. Esta luminária surgiu logo após outra (sempre conservo a primeira inspiração - essa está inacabada, assim ninguém terá coragem de querer comprar. Se tiver, vai ouvir um doce mas firme "Não!"

Embalando a dor

Essas embalagens também foram criadas naquele ano terrível. Estava tão
tremendamente infeliz e ao mesmo tempo tão inspirada. A Presença deve ter feito isso para me afastar do caminho que tinha traçado para mim o qual, hoje vejo, não era realmente o meu. A Presença foi bastante dura comigo. Mas não a censuro. Do jeito que sou obstinada e determinada (para não dizer teimosa, que é feio!), teria seguido pelo outro caminho. E não chegaria a lugar algum. Essa é outra constatação da Mariela: o caminho do meio é sempre o melhor caminho

Guirlanda=Manuela 2005

Adoro essa guirlanda contorsida, dura, de linhas irregularares. Me desculpem todos aqueles que preferem as tradicionais. Ela era "eu" naquele momento, , nesses terríveis meses aos quais a duras penas sobrevivi - graças apenas e tão somente ao carinho, à alegria, companhia e às mordidinhas do meu amado Astérix, que partiu para o céu dos gatos há pouco mais de uma semana - ela continua representando a Força interior, a Presença que me impelia a continuar vivendo, mesmo que daquela forma. É essa Presença, que para mim não tem um nome, que me pôs num brete de onde não consegui sair antes de repensar a minha vida, os meus valores (e principalmente aqueles que jamais foram meus e que deletei sumáriamente).

Filho-único

Mais um filho-único. Vermelho e dourado. O oriente e suas peculiaridades sempre me

atraíram. Não sei por quê. Não me interessa saber por quê. Este vermelho marca bem

o sentimento de fúria insana que tomava conta de mim... o dourado na palha de

bananeira seca e contorsida representa talvez a capa de aparente alegria que usei

durante meses... Máscaras! Chega delas!

Recomeçar, recomeçar, recomeçar... sempre!

É filho único, muito amado, resultado de um momento de pura inspiração em meio a uma ano de terrível turbulência em minha vida (2005). Mais uma razão para o amar... mais uma razão para deixar para trás, definitivamente, essa assinatura que relaciono apenas a muita dor, desilusão, angústia, quase desespero. Não guardei a foto original. Nem é necessário. Filho único nascido de um parto dolorido e quase interminável não se vende, não se dá, só se guarda. Para lembrar que há sempre um novo dia que desponta, uma nova oportunidade de ser feliz, mesmo que por breves momentos...

A Mariela que deu lugar à Manuela sabia já de tudo isso. Agora está pondo em prática de forma segura, objetiva, mas docemente liberta dos pesados elos que arrastara durante décadas.